terça-feira, 24 de março de 2009

Cancro da mama

Quais os tratamentos disponíveis?

Durante muitos anos, os principais tratamentos para o cancro da mama avançado, têm sido a quimioterapia e a radioterapia: fazendo parar a evolução do cancro por meio de poderosos fármacos citotóxicos (que destroem as células) ou de radiação. Para além destes, hoje em dia começam a estar disponíveis novas terapêuticas muito importantes, incluindo fármacos que se dirigem directamente às células cancerosas, sem os, por vezes graves, efeitos secundários associados aos antigos tratamentos.

Quimioterapia

O termo quimioterapia engloba o tratamento com muitos fármacos diferentes, usados sozinhos (quimioterapia com um único agente), ou em associações de dois ou mais fármacos (terapêutica combinada). Normalmente administram-se vários ciclos de quimioterapia com intervalos de algumas semanas e portanto o período total de tratamento pode prolongar-se por vários meses.

Alguns fármacos são ingeridas oralmente e outros são administrados por injecção intravenosa. Os efeitos secundários mais frequentemente referenciados, que variam de gravidade conforme os fármacos usados, incluem: fadiga, náuseas, vómitos e perda de cabelo. Podem-se prescrever fármacos designados por antieméticos, para prevenir ou aliviar o enjoo durante o tratamento. O cabelo, que cai por causa da quimioterapia – embora nem todos os fármacos tenham esse efeito – normalmente volta a crescer dentro de poucos meses depois da conclusão do tratamento.

Os fármacos usados na quimioterapia podem originar toxicidade hematológica (do sangue), que por sua vez, pode causar uma diminuição na produção das células sanguíneas e também nas plaquetas, envolvidas no processo de coagulação. Esta toxicidade pode ter como resultado a fadiga (devido à falta de eritrócitos), diminuição da resistência às infecções (falta de leucócitos) e aumento da susceptibilidade à formação de hematomas/hemorragia (falta de plaquetas).

Durante o período de tratamento fazem-se regularmente análises ao sangue para verificar se o número das células sanguíneas se reduziu. Se for necessário pode-se recorrer a transfusões ou tratamentos médicos para repor o número de eritrócitos. Também há medicamentos disponíveis para melhorar o número de leucócitos e, portanto, aumentar a resistência do doente às infecções. Por fim, podem-se administrar outros tratamentos para prevenir a infecção.

Radioterapia

A radioterapia consiste no tratamento do cancro por meio de raios-X ou de outras fontes de radioactividade. As fontes deste tipo produzem radiações ionizantes que, ao passar através do tecido doente, destroem ou abrandam o desenvolvimento das células anómalas. Contudo, a radioterapia pode ter efeitos secundários, tais como danos graves no tecido normal.

A radioterapia é frequentemente utilizada em conjugação com outras formas de tratamento do cancro. No cancro da mama, a radioterapia é muitas vezes usada depois da remoção cirúrgica dum cancro da mama maligno, para destruir algumas células remanescentes do tumor. A radioterapia também pode ser usada para reduzir o tamanho dum tumor, ou para destruir células do cancro da mama que se tenham deslocado para outras partes do corpo. A radioterapia, no entanto, só é usada quando os benefícios compensam largamente os riscos de causar danos no
tecido são.

Terapêutica hormonal

As hormonas, substâncias que controlam as funções normais do corpo, também afectam algumas células do cancro da mama. Isto é especialmente verdade em relação às hormonas da mulher, tal como o estrogénio, relativamente ao qual os investigadores acreditam poder exacerbar o desenvolvimento das células cancerosas. Consequentemente, algumas doentes com cancro podem ser tratadas com fármacos que têm hormonas ou que inibem a acção destas. O uso das preparações hormonais é seguro e os seus efeitos secundários raramente são graves.

A terapêutica hormonal permite regressões que perduram muitos anos.

Terapêutica com anticorpos monoclonais

O aumento do conhecimento acerca dos genes humanos responsáveis pelo crescimento das células cancerosas, conduziu a uma nova fase no tratamento do cancro da mama. Uma nova abordagem dirigida ao tratamento do cancro da mama, envolve o uso de anticorpos monoclonais.

Um anticorpo monoclonal é uma proteína sintética que foi preparada expressamente para atingir células cancerosas específicas no organismo.

O anticorpo monoclonal actua bloqueando a função dum gene de cancro específico, associado ao crescimento de cancro da mama agressivo. Além disso, só atinge as células cancerosas não actuando nas células sãs. Portanto, os efeitos secundários experimentados pelas doentes com esta terapêutica são habitualmente de natureza ligeira – a maior parte das vezes febre e arrepios. Também se acredita que este tipo de terapêutica pode estimular o sistema imunitário para destruir as células cancerosas.

A única terapêutica actualmente existente com anticorpos monoclonais atinge e bloqueia a função do gene HER2 do cancro. Os investigadores concluíram que a produção excessiva de HER2 contribui para o crescimento descontrolado das células, o que constitui a marca característica do cancro. As doentes nesta situação, designam-se por HER2-positivas.

Calcula-se que, aproximadamente, uma em cada cinco doentes com cancro da mama metastizado, é HER2-positiva e investigações recentes sugerem que as doentes HER2-positivas são mais susceptíveis às formas mais agressivas de cancro da mama. Por esta razão, determinar o status do HER2 da doente é um dado importante na decisão a tomar sobre as melhores opções de tratamento para o cancro da mama metastizado.

O uso de um anticorpo monoclonal, representa uma nova e promissora opção para tratar doentes HER2-positivas. Contudo, este tipo de tratamento está condicionado à existência de um diagnóstico fiável do status de HER2. O diagnóstico do status do HER2, é feito utilizando testes altamente sensíveis.

Estes testes não só determinam se uma doente é ou não HER2-positiva, mas também constituem um prognóstico acerca das doentes que poderão responder a este tratamento.

Como mostram os resultados clínicos, esta nova abordagem do cancro da mama é um grande avanço para as doentes HER2-positivas, proporcionando uma melhoria significativa na qualidade de vida e prolongando a vida das doentes com formas agressivas de cancro da mama. Se você for HER2-positiva, pode candidatar-se a este novo tipo de tratamento. Determinar o seu status de HER2 é, naturalmente, um primeiro passo essencial antes de, juntamente com o seu médico, decidir qual é o melhor tratamento para si.

Tratamento: como é que o médico decide?

O especialista do cancro (oncologista), ao escolher o seu programa de tratamento, tem em conta numerosos factores, entre os quais a idade, o estado geral, a localização das metástases, e o tipo de células cancerosas envolvidas.

A principal prioridade na escolha do tratamento, é a melhoria da qualidade de vida da doente. A decisão acerca do tratamento só pode ser tomada depois de uma cuidadosa consideração do perfil individual de cada doente, que pode incluir as preferências da própria, a juntar à informação clínica.

Testar o status do receptor hormonal da doente é importante porque certos tipo de tumor podem responder à terapêutica hormonal. É igualmente importante testar o status do HER2 da doente, dado que disso depende a selecção das doentes HER2-positivas, que podem ser candidatas ao tratamento com anticorpos monoclonais anti-HER2.

A terapêutica dirigida, como seja o uso de anticorpos monoclonais, representa uma nova área do tratamento do cancro, sendo uma abordagem individualizada para responder a condições genéticas específicas, que podiam conduzir a um crescimento incontrolado do cancro. A terapêutica dirigida assenta em testes de diagnóstico sofisticados, para se fazer uma escolha eficaz das doentes que mais provavelmente responderão a este tipo de tratamento. Além disso, esta nova abordagem ao tratamento tem como alvo específico as células cancerosas e não tem os efeitos secundários debilitantes associados ao tratamento convencional, oferecendo uma opção de tratamento individualizado, com vantagens comprovadas na sobrevivência, para certas doentes.

Independentemente da abordagem, o perfil único da doente é avaliado tendo em idêntica consideração os riscos e os benefícios do tratamento específico escolhido. O objectivo é sempre alcançar a remissão ou prolongar a vida, melhorando a sua qualidade.

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